Uma ex-namorada do vereador e médico Dr. Jairinho (Solidariedade) afirmou que ela e a filha foram agredidas pelo político há cerca de oito anos, quando os dois mantinham um relacionamento. A mulher foi ouvida durante a madrugada de hoje no caso que investiga a morte do menino Henry Borel Medeiros, 4 anos, enteado do parlamentar do Rio de Janeiro
A testemunha - que não teve o nome divulgado - detalhou aos agentes da 16ª DP, por cerca de seis horas, as violências sofridas pelas duas. Segundo a mulher, as agressões não foram denunciadas por medo de retaliações. Na época, a menina tinha 4 anos.
A defesa de Jairinho disse que as acusações têm motivações pessoais. Segundo o advogado André França, "nós não temos acesso, nem informação oficial sobre isso".
"A informação também que eu tenho é que quem trouxe essa suposta testemunha, se trouxe, foi o pai (de Henry), Leniel. Motivado, tem tentado a todo custo produzir elementos contra a mãe, mas ele não consegue aceitar que o casamento chegou ao fim. As apurações aqui são muito sérias. É fato que objetivamente, dado concreto, que demonstre qualquer lesão, qualquer conduta tanto do padrasto, quanto da mãe não existe. Estamos indo a relacionamentos antigos e talvez daqui a pouco estaremos na adolescência", disse França.
No último dia 8, o menino Henry foi encontrado gelado e sem respirar pela mãe, Monique Medeiros, e pelo padrasto, o médico e vereador Jairinho, no apartamento onde moram na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, segundo a versão passada por eles. O casal levou o menino para o hospital, mas ele não resistiu.
O delegado Edson Henrique Damasceno, titular da 16ª DP, também ouviu a empregada doméstica que trabalhava casa de Monique, mãe de Henry, e do vereador. A polícia quer esclarecer se a funcionária sabia ou não do ocorrido.
Em depoimento, o parlamentar disse que, ao voltar para casa, por volta das 10h, viu a namorada, uma assessora e a doméstica conversando sobre o caso. Entretanto, Monique falou que a mulher não tinha conhecimento da morte de Henry e por isso limpou o apartamento, comprometendo assim a perícia do local.
"Se ela [Monique] falou para a empregada ou se ela não falou, porque ela diz que não falou, a empregada diz que não falou e o Jairinho teria dito que chegou em casa e ela estaria contando. Veja, o fato é que de nada isso muda na dinâmica dos fatos", acrescentou o advogado.
Além desta divergência, a polícia busca entender outra contradição. De acordo com o pai de Henry, Leniel Borel, ao chegar no hospital, Monique e Jairinho contaram a ele ter escutado um barulho vindo do quarto onde Henry estava dormindo. Porém, na delegacia, o casal não mencionou ter ouvido o suposto barulho.
Ao longo da semana, devem comparecer à delegacia familiares de Monique e de Jairinho, além da psicóloga que vinha atendendo Henry após a separação dos pais. Quatro integrantes da equipe médica que atendeu o menino no hospital Barra D'Or, vizinhos de Monique e Jairinho e o perito que realizou o laudo de necropsia já prestaram depoimento. O documento atesta que Henry Borel sofreu hemorragia interna e laceração hepática, provocada por ação contundente.
Na semana passada, Monique e Jairinho foram ouvidos por cerca de 12 horas. Em depoimento, a mãe de Henry disse acreditar que ele possa ter acordado, ficado em pé sobre a cama, se desequilibrado ou tropeçado no encosto da poltrona e caído no chão. Questionado do motivo pelo qual o vereador, como médico, não ajudou a reanimar a criança, o parlamentar alegou que a última vez que tinha feito massagem cardíaca tinha sido em um boneco durante a graduação.